"O bicho da escrita"

"Todos os meus amigos escrevem.(...)E o pior é que não são só os meus amigos. As outras pessoas também.(...)Só o meu pai não escreve, porque já morreu. Se estivesse vivo escrevia de certeza..."
Rui Zink, autor do excerto anterior, define "vontade de escrever" como uma "doença altamente contagiante". E tendo em conta o panorama literário da sociedade actual, resta-me concordar. O tão mencionado "bichinho da escrita" não pára de atacar, e há cada vez mais vítimas. A toda a hora surgem propostas de candidatos a escritores. Basta virar numa esquina ou ir ao café. Retiro o que disse. Lembrei-me que não precisamos sequer de sair de casa. Se ligarmos a televisão, deparamo-nos com um universo de escritores à nossa frente. Inegável é, o facto de que hoje em dia toda a gente escreve livros. Contudo, o número de pessoas que os escreve não é equivalente ao número de pessoas realmente aptas a fazê-lo. Uma arte tão nobre e digna como a escrita, foi terrivelmente banalizada e ridicularizada. A Margarida Rebelo Pinto é uma best-seller. O Mário Jardel escreveu um livro. Eu estou a escrever neste momento. E isso diz tudo. Ou talvez não diga mesmo nada. [Margarida C.]