sexta-feira, junho 03, 2005

Visão constrangedora

Quarta-feira ao fim da tarde ia eu de carro na marginal a contemplar a linha do horizonte com o meu olhar pensativo (é verdade, o mar faz-me pensar. Sou daquelas pessoas que quando precisa de reflectir sobre assuntos profundos vai para o pé do mar. Geralmente vou ali até à praia da Cruz Quebrada decidir o que vou fazer para o jantar...) quando de repente me vi obrigada a largar a pose. Ao passar por Carcavelos deparo-me com o seguinte cenário: cinco da tarde de um dia de semana, a praia (que geralmente é constituída por areia e mar, caso nunca vos tenha ocorrido) tinha agora uma nova constituição, o que normalmente só acontece lá para meados de Julho/Agosto: o mar própriamente dito, e um outro mar... um mar de gente. E esta gente não era só teenagers, que à partida teriam mais tempo livre, eram famílias inteiras. Acredito que não percebam o motivo de tanto alarido, e admito que possa estar a exagerar. Mas a questão é esta: o mês de Maio tinha acabo de chegar ao fim e as férias só começam em Julho (para muitos só em Agosto), eram 17h da tarde o que supostamente é hora de trabalho para quase toda gente, até para mim que sou estudante e as pessoas não pareciam ter acabado de chegar (se é que entendem). E tenho visto a repetição desta cena todos os dias, quase tanto como os episódios do Oprah Winfrey Show na SicMulher. E precisamente por ser estudante, função que tantos dizem facilitada, e ainda não ter tido tempo para ir à praia que me pergunto: o que é isto?! Acho que se isto se repetir me dá uma apoplexia. Procuro alguém com uma explicação plausível que evite o meu ataque.

14 Comments:

Blogger LuaNova said...

Se dizes que vais ver o mar para reflectir sobre questões profundas e depois reconheces que só lá vais para decidir o que vais cozinhar, acho que mais cedo ou mais tarde quem vai ter uma apoplexia é o teu futuro marido. Já estou a imaginá-lo a chegar a casa e gritar: "Margarida! Que é do jantar?! Já está na mesa?!" E tu, "Há e tal...[sic] Tenho de ir ali ao mar pensar se faço arroz de grelos ou batatas cozidas com as pescadinhas de escabeche."

03 junho, 2005 22:49  
Blogger Margarida C. said...

Lá está o tal humor sarcástico de que a Inês falava e que nem toda a gente percebe... tinha-te em melhor consideração LuaNova.

03 junho, 2005 23:20  
Anonymous Anónimo said...

Bem podes procurar.
Não há explicação plausivel para um Portugal assim.

Mariana d'As Luas de Júpiter

04 junho, 2005 06:48  
Blogger A Burra Nas Couves said...

Palavras para quê? Como dizia um velho anúncio da pasta medicinal Couto. Já há alguns anos que desisti de tentar compreender Portugal. A lógica é algo que se tem de pôr de parte, quando se tenta qualquer exercício de análise do país, e dos seus excêntricos habitantes. Se me é permitido, a visão de luanova é um pouco chauvinista, não? Beijocas

04 junho, 2005 14:29  
Blogger Margarida C. said...

Claro que é permitido João...! Mas não percebi a ligação com o chauvinismo. Estás autorizado a desenvolver a opinião.

04 junho, 2005 16:37  
Blogger LuaNova said...

Maragarida C. no seu melhor. Gosto mesmo destas análises profundas e interessantíssimas da nossa sociedade. E mesmo que as ideias não fosse em si estimulantes, a elegância da escrita é um prazer sensorial. É como saborear um fino licor numa tarde de Verão.

04 junho, 2005 18:55  
Blogger Inês L. said...

LuaNova, fico contente por ver que já estás a fazer qualquer coisa para resolver o teu problema que te impedia de carregar muitas vezes na mesma tecla( litle..). Não estarás a exagerar na dose? É que ela só se chama Margarida... não Maragarida. :-)

04 junho, 2005 19:02  
Blogger LuaNova said...

E percebe-se que a Maragrida C. escreva como escreve e tenha o conteúdo que tem. O blog também é da Inês L. que não lhe fica atrás em acertividade e acutilância.

04 junho, 2005 19:07  
Blogger A Burra Nas Couves said...

qual a ligação com o chauvinismo? bem, a mim parece-me que essa visão da mulher a ter o jantar pronto quando o marido chega a casa é um pouco antiquada. há muitos anos que a maioria das refeições em casa, sou eu que as preparo. parece-me que essas e outras tarefas devem ser partilhadas, e não institucionalmente "obrigatoriedade" da mulher. é apenas a minha modesta opinião. presumo que estás a estudar para ter uma futura carreira profissional, e inserida no mercado laboral, assim como naturalmente estaria esse hipotético marido, assim para uma igualdade de condições laborais, igualdade para condições domésticas, penso eu.

06 junho, 2005 07:57  
Blogger LuaNova said...

Acho que os gajos que vêm com estas tretas das igualdades entre homens e mulheres devem ser todos maricas. Onde é que já viu um gajo a cuidar da casa? Foda-se!!

07 junho, 2005 10:47  
Blogger Margarida C. said...

João, não podía estar mais de acordo. Não há nada mais fora de moda que associar a mulher aos trabalhos domésticos. Aliás, vejo-me obrigada a pensar que hoje em dia os homens que recorrem ao machismo para se afirmar, das duas três: ou têm necessidade de se mostrar broncos para esconder as suas fragilidades mais intímas ou então não têm escolha, são broncos porque não sabem ser de outra maneira, corre-lhes nas veias um sangue com uma percentagem de rudez inacreditável e extraordinária (no verdadeiro sentido da palavra). Queres revelar-me em qual das duas categorías de inseres LuaNova?

07 junho, 2005 21:00  
Anonymous Anónimo said...

Acho piada ao ciclo vicioso dos comentários.No início cingem-se ao tema do post mas depois desviam-se do tema sem dar por iso...eu só reparei porque confesso que é a minha segunda vez neste blog.Eu também ainda não me situei no tema principal, talvez porque tanto este como os comentários que aqui se vão criando são alvo de muita discussão.Vou-me organizar...não me quero sair mal na minha estreia e muito menos desanpontar a minha querida irmã e claro a Inês.
Também eu fico pensativa com a simples miragem do mar,principalmente quando estou no carro...é de familia com certeza.E também eu me pergunto o que estão a fazer as pessoas na praia,quando deviam estar a trabalhar.Foi uma boa questão a colocar.Parece-me que até agora o João Balão arranjou uma explicação bem plausível para essa questão.Acho que há 3 grandes causas que levam a determinadas consequências que são capazes de responder melhor ao dilema aqui colocado:DESEMPREGO, ou seja,ganhas subsídiu ao final do mês sem fazer nenhum;VELHOS,já reformados também sem nada para fazer,e como sabes esses não faltam em Portugal e por fim a famosa GAZETA às horas de trabalho,muito famoso entre os "espertalhões" portugueses.Acho que evitei a tua apoplexia...

P.S.:Tenho vontade de responder aos comentários feitos ao post mas fica para outra altura.

07 junho, 2005 23:39  
Blogger A Burra Nas Couves said...

O comentário de lua nova merece-me um leve sorriso. Felizmente não me faz mossa, porque os meus amigos gays e lésbicas, já me diagnosticaram e confirmaram uma heterossexualidade aguda e irremediável. Mas como são amigos, gostam de mim assim, como eu gosto deles como são. Agora, pergunto: quem é mais maricas? Um homem que vive toda a vida dependendo de uma "mamã", que lhe trate de tudo, ou aquele que arregaça as mangas, e supre as suas necessidades, sem depender de ninguém para o seu bem-estar?

12 junho, 2005 13:32  
Blogger A Burra Nas Couves said...

Queria ainda acrescentar, que obviamente há que viver uma série de experiências na vida para se mudar ou confirmar as opiniões. Sempre digo que as circunstâncias ditam tudo, e por isso é complicado e incorrecto fazer juízos de valor. A mim tocou-me viver sozinho, sem dinheiro para pagar a alguém que me tratasse da casa, e mais tarde, criar um filho sozinho, nas mesmas circunstâncias. Pode ser que o luanova ache isso uma mariquice, mas pelo menos fui macho o suficiente para resolver eu mesmo a situação, sem ir a correr para de baixo das saias da minha mãe, sem saber o que fazer. Também respeito-me a mim mesmo e aos outros o suficiente para não ter ido a correr, a "arranjar" uma namorada que me fizesse o "serviço", como muito bom homem que conheço. Como disseste, e muito bem, por detrás de um bronco (ou bronca) há muito medo, e muita insegurança, e essas pessoas causam-me um sentimento de piedade.

12 junho, 2005 14:00  

Enviar um comentário

<< Home

Powered by Blogger