sexta-feira, junho 30, 2006
No ínicio deste ano lectivo que agora termina, o meu professor de Psicologia informou-nos, logo na primeira aula, de que cada um de nós (alunos do ensino público) custa 700 contos ao Estado. Com esta útil informação, pretendia fazer-nos estudar, como que de uma técnica de motivação invulgar se tratasse. O que é que leva um professor a utilizar este método de persuasão? Não consigo imaginar aluno algum a pensar: "Se não estudo para este teste, lá se vão 700 contos pró galheiro". De facto, não queremos que isso aconteça. Mas não é, de certeza, o que leva o aluno a dedicar-se à causa. Mas, afinal, o que é que leva um aluno a estudar? Gostava de saber responder mas não penso ser a pessoa indicada, tendo em conta que sempre o fiz por obrigação (tal como todos os outros alunos. Estudar por gosto é algo por poucos alcançado).
Em época de Exames Nacionais, apesar da fraca prestação na disciplina de Matemática, uma formula não saía da cabeça dos finalistas de liceu: "Ora bem, acabo o ano com 12... só preciso de ter 5 no exame para passar!". Confesso que me tornei assim. Sempre fui boa aluna, prestava muita atenção nas aulas e ficava irritada quando recebia menos de 80% (quando as notas ainda eram atribuídas em percentagem). Mas, com a chegada ao secundário, tudo mudou. O mal surge quando nos apercebemos do que há de bom para além da escola (partindo do princípio de que, para o aluno, a escola é uma coisa boa) e trocamos as prioridades. A verdade é que são raros os estudantes realmente estudantes. Eu passei de estudante estudante a estudante diletante, e dou por mim a fazer as tais contas para passar o ano, qual parasita social. Será irreversível?
P.S.- Devem estar a perguntar qual a relação do título com o conteúdo do texto. Também não sei. Não tinha título para o post e este surgiu-me quando estava a ler a Maria, hoje de manhã. Não sei o que quer dizer mas achei que chamava à atenção.
segunda-feira, junho 26, 2006
Precisa-se: Organização Mental
Dizem que a adolescência é uma fase confusa da nossa vivência. Mas, vendo bem, nas inúmeras fases pelas quais passamos (não que tenha passado por muitas, mas pelo que observo), a confusão está sempre presente (de forma mais ou menos evidente). Estamos em constante interrogação. Duvidamos das coisas, duvidamos dos outros, principalmente porque duvidamos de nós próprios. Não se assustem, não pretendo fazer disto um texto melodramático. A minha questão é apenas esta: a certeza absoluta é atingível? Conseguiremos jamais duvidar de algo/alguém?
Numa altura em que atinjo a maioridade e concluo um longo período da minha vida (acabando o liceu), interrogo-me, mais do que nunca, sobre o que virá a seguir. Tenho bem acente, desde muito cedo, o rumo que quero dar ao meu futuro profissional. Mas, à medida que vamos crescendo, surgem novas hipóteses e ainda bem que assim é. Não sei até que ponto será positivo focarmos toda a nossa energia numa só coisa pois corremos o risco de acabar por perdê-la, sem ter uma segunda opção a que recorrer. Além disso, penso que são raras as pessoas que se dedicam inteiramente a uma só coisa de forma saudável. Não sei se seria capaz de o fazer. Mas é sabido que fazer muita coisa ao mesmo tempo não dá bom resultado. Assim, deparo-me com um dilema: optei pelo rumo que referi há pouco, pois nunca me imaginei a fazer algo diferente. Mas decidi envolver-me numa outra área, da qual não queria abdicar. São duas coisas extremamente desgastantes (como é tudo ao qual nos dedicamos verdadeiramente) e receio, caso siga para a frente com as duas ao mesmo tempo, não conseguir dedicar-me a nenhuma das duas. A resposta pode ser simples, mas a decisão é difícil de tomar. São estas alturas que nos dão vontade de voltar aos tempos de infância, onde tudo parecia tão fácil. Mas imagino-me, daqui a uns anos, a desejar voltar aos tempos em que todos os nossos problemas se resumiam a uma decisão como esta. Não é nada mais do que falta de organização mental. Alguém tem para a troca?
Desculpem a falta de assiduidade no blog mas, tanto eu como a Inês, nos encontramos em período de Exames Nacionais. Quis postar um Add-vice há uns dias mas decidi esperar para poder variar (já que vos obrigámos a levar com Add-vice's durante o mês passado inteiro). Mas não se aflijam... they'll be back!
terça-feira, junho 20, 2006
segunda-feira, junho 19, 2006
"Pontes, que em Veneza são muitas"
«Uma semana com dois feriados à terça e à quinta é uma espécie de Veneza: vemos pontes por todo o lado. Ou melhor: é como se toda a semana se transformasse numa espécie de imponente ponte de três arcos, saltando por cima de três rios de trabalho e sobrevoando-os a uma altitude prudente (...).
Ao ouvir certos discursos "antipônticos" dir-se-ia que a salvação para o desenvolvimento do país estaria na produção que se faria nestes dias e que essa salvação tinha acabado de ser destruída pelos feriados aziagos e pela preguiça de alguns inconscientes.
(...) Seria um excelente sinal se os portugueses pudessem admitir que não há nada de pecaminoso no gozo de pontes, como não há no gozo de férias, folgas ou fins-de-semana. As razões do subdesenvolvimento português não têm a ver com as folgas que se gozam, mas com a maneira como não se gozam, com a maneira como se trabalha. Nem têm a ver com as horas que se permanece no local de trabalho mas com o que se faz nessas horas e até nas outras.
(...) Há quem pense que todo este aproveitamento dos pretextos para não trabalhar (...) existe apesar da cultura das empresas - que seriam lugares de organização, brio, empenho produtivo e estimulante criatividade. Não parece que seja assim. É mais provável que o recurso a esses pretextos decorra da cultura das empresas, onde a gestão se confunde nem sequer com a burocracia mas com a pose burocrática no pior sentido do termo, a deslibidinização do trabalho se confunde com produtividade e o prazer do trabalho não se confunde com coisa nenhuma porque não se sabe que cor possa ter.
A ética do trabalho calvinista, segundo Max Weber, pregava a austeridade e acreditava que o trabalho trazia a salvação. Os portugueses, feitas as contas, sabem que as pontes são mais capazes de lhes salvar as almas que umas horas no escritório. É bem possível que tenham razão.»
[José Vítor Malheiros, Público]
Via ivan.
Ao ouvir certos discursos "antipônticos" dir-se-ia que a salvação para o desenvolvimento do país estaria na produção que se faria nestes dias e que essa salvação tinha acabado de ser destruída pelos feriados aziagos e pela preguiça de alguns inconscientes.
(...) Seria um excelente sinal se os portugueses pudessem admitir que não há nada de pecaminoso no gozo de pontes, como não há no gozo de férias, folgas ou fins-de-semana. As razões do subdesenvolvimento português não têm a ver com as folgas que se gozam, mas com a maneira como não se gozam, com a maneira como se trabalha. Nem têm a ver com as horas que se permanece no local de trabalho mas com o que se faz nessas horas e até nas outras.
(...) Há quem pense que todo este aproveitamento dos pretextos para não trabalhar (...) existe apesar da cultura das empresas - que seriam lugares de organização, brio, empenho produtivo e estimulante criatividade. Não parece que seja assim. É mais provável que o recurso a esses pretextos decorra da cultura das empresas, onde a gestão se confunde nem sequer com a burocracia mas com a pose burocrática no pior sentido do termo, a deslibidinização do trabalho se confunde com produtividade e o prazer do trabalho não se confunde com coisa nenhuma porque não se sabe que cor possa ter.
A ética do trabalho calvinista, segundo Max Weber, pregava a austeridade e acreditava que o trabalho trazia a salvação. Os portugueses, feitas as contas, sabem que as pontes são mais capazes de lhes salvar as almas que umas horas no escritório. É bem possível que tenham razão.»
[José Vítor Malheiros, Público]
Via ivan.
quinta-feira, junho 15, 2006
Anos da Lena d'Água
Hoje no MAXIME(bar/cabaret já aqui mencionado) pelas 23h, a cantora Lena d'Água festeja os seus anos com diversos músicos convidados. Apareçam!
quarta-feira, junho 07, 2006
Um Add-vice por dia - XXIX
Passear por Lisboa
Ainda que cansativo, passear por Lisboa nestes belos (e quentes) dias de Verão é extremamente agradável. Não há nada melhor que vaguear pelas ruas de Alfama, agora alegremente enfeitadas para os Santos Populares, descobrir os inúmeros cafés que por lá existem (cada um mais giro que o outro), lugares recatados onde podemos ler, ouvir música ou simplesmente ficar a olhar/apreciar. O ambiente em redor é incrivelmente calmo, perfeito para quem precisa de uma pausa do ritmo frenético do dia-a-dia. Aproveitem e deêm um pulinho no Castelo de S.Jorge!
terça-feira, junho 06, 2006
Um Add-vice por dia - XXVIII
Hot Clube de Portugal
Este Add-vice era absolutamente indispensável. O Hot Clube é o bar de jazz com maior tradição de Portugal e provavelmente o que tem o melhor ambiente. É sem dúvida pequeno mas ganha pelo facto de haver uma proximidade com o palco e não haver dificuldade em ouvir os músicos. As pessoas mais claustrofóbicas poderão descontrair num pátio exterior com uma decoração renovada. Recentemente ouvi dizer que ia ter cozinha... mas isso pode ser só um boato. Quanto aos nossos estimados leitores, vêmo-nos lá!
PS.: Na fotografia: Bruno Santos trio da esquerda para a direita: Bruno Santos, Bernardo Moreira e Bruno Pedroso. São todos professores na escola do Hot Clube, óptimos músicos e frequentadores frequentes do bar.
PS.: Na fotografia: Bruno Santos trio da esquerda para a direita: Bruno Santos, Bernardo Moreira e Bruno Pedroso. São todos professores na escola do Hot Clube, óptimos músicos e frequentadores frequentes do bar.
segunda-feira, junho 05, 2006
Um Add-vice por dia - XXVII
Para os fãs da série Os Sopranos , uma proposta imperdível!
La Dolce Vita - Estreia Mundial
"ESTREIA MUNDIAL DE LA DOLCE VITA
A BANDA DE MICHAEL IMPERIOLI
MAXIME, SEXTA 9 JUNHO 06
O actor nova-iorquino Michael Imperioli, que desempenha o papel de Chris Moltisanti na série OS SOPRANOS, escolheu o Cabaret Maxime para apresentar a estreia mundial da sua banda de rock LA DOLCE VITA, dia 9 de Junho às 23:30.
Constituída por Michael Imperioli (guitarra, voz) Elijah Amitin (baixo, Voz) e Olmo Tighe (bateria e voz), LA DOLCE VITA é uma banda de rock com fortes influências do punk-rock nova-iorquino na tradição dos Velvet Underground, Patti Smith ou New York Dolls.
Imperioli encontra-se em Portugal a filmar THE INNER LIFE OF MARTIN FROST do realizador e escritor Paul Auster que conta também com a participação de Irene Jacob, David Thewlis e Sophie Auster e é produzido por Paulo Branco.
La Dolce Vita - Estreia Mundial
"ESTREIA MUNDIAL DE LA DOLCE VITA
A BANDA DE MICHAEL IMPERIOLI
MAXIME, SEXTA 9 JUNHO 06
O actor nova-iorquino Michael Imperioli, que desempenha o papel de Chris Moltisanti na série OS SOPRANOS, escolheu o Cabaret Maxime para apresentar a estreia mundial da sua banda de rock LA DOLCE VITA, dia 9 de Junho às 23:30.
Constituída por Michael Imperioli (guitarra, voz) Elijah Amitin (baixo, Voz) e Olmo Tighe (bateria e voz), LA DOLCE VITA é uma banda de rock com fortes influências do punk-rock nova-iorquino na tradição dos Velvet Underground, Patti Smith ou New York Dolls.
Imperioli encontra-se em Portugal a filmar THE INNER LIFE OF MARTIN FROST do realizador e escritor Paul Auster que conta também com a participação de Irene Jacob, David Thewlis e Sophie Auster e é produzido por Paulo Branco.
Sexta- feira, 9 Junho - abertura de portas às 22h30 / bilhetes €10, com oferta de bebida
Cabaret Maxime, Pç. Alegria, 58 em Lisboa / reserva de mesas tel. 213467090 ou 916351133."
Lá estarei!
domingo, junho 04, 2006
Um Add-vice por dia - XXVI
Rosa Carne -Clã
Este foi um dos CD's que mais ouvi. Marcou uma fase da minha vida e é na minha opinião o melhor CD dos Clã. Prima pelo bom gosto, pela qualidade dos arranjos e dos músicos. As músicas são na sua maioria compostas pelo Hélder Gonçalves, guitarrista do clã. Oiçam!!
sábado, junho 03, 2006
Um Add-vice por dia - XXV
Ok, Computer - Radiohead
Este disco entrou na minha vida pela mão do meu irmão, quando eu tinha cerca de 10/11 anos e a verdade é que nunca mais me consegui desligar dele. Pode dizer-se que é o disco mais importante da minha vida. Acompanha-me sempre que me desloco a qualquer lado de férias e é impossível passar muito tempo sem o ouvir, a verdade é que volta sempre ao leitor de cds mais tarde ou mais cedo.
Ok, Computer foca a vida moderna, o uso das máquinas e as suas consequências, a desumanização das relações, a repressão escondida, a política, a solidão, os fantasmas que cada um de nós possui, e até mesmo a loucura. A música é o que mais me toca, com as dinâmicas e sensibilidade presente em cada acorde e efeito. A electrónica está presente e tornou-se uma das suas imagens de marca, fazendo parte do som que os caracteriza.
Esta banda marcou-me, faz parte daquilo que sou e este disco é um dos culpados por isso.
[escrito por Tiago Carvalho]
Este disco entrou na minha vida pela mão do meu irmão, quando eu tinha cerca de 10/11 anos e a verdade é que nunca mais me consegui desligar dele. Pode dizer-se que é o disco mais importante da minha vida. Acompanha-me sempre que me desloco a qualquer lado de férias e é impossível passar muito tempo sem o ouvir, a verdade é que volta sempre ao leitor de cds mais tarde ou mais cedo.
Ok, Computer foca a vida moderna, o uso das máquinas e as suas consequências, a desumanização das relações, a repressão escondida, a política, a solidão, os fantasmas que cada um de nós possui, e até mesmo a loucura. A música é o que mais me toca, com as dinâmicas e sensibilidade presente em cada acorde e efeito. A electrónica está presente e tornou-se uma das suas imagens de marca, fazendo parte do som que os caracteriza.
Esta banda marcou-me, faz parte daquilo que sou e este disco é um dos culpados por isso.
[escrito por Tiago Carvalho]
sexta-feira, junho 02, 2006
Um Add-vice por dia - XXIV
Este Add-vice prentende reverter para uma causa nobre, de apoio à criação cinematográfica portuguesa. Falo da produtora O Pato Profissional, responsáveis pela curta-metragem de terror de sucesso I'll See You In My Dreams (primeira curta-metragem de terror portuguesa, já falei dela aqui no blog!). A produtora trabalha agora num projecto para um filme chamado As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy! (já mencionado antes pela Inês) que, se tiver os meios para andar para a frente, será mais um sucesso da produtora. Acontece que é extremamente difícil conseguir um subsídio para fazer um filme e, embora se tenham candidatado ao concurso de primeiras obras do ICAM, o projecto está a atrasar-se. Cliquem no título do Add-vice e apoiem a iniciativa, é importante. Na verdade, cliquei em todos os links que coloquei neste post (embora ache foleiro ver um post tão colorido, nenhum deles é dispensável)! Garanto-vos que se vão divertir ao navegar nos sites que vos coloquei (amavelmente) à disposição.
quinta-feira, junho 01, 2006
Um Add-vice por dia - XXIII
Rhapsody in Blue
Estava indecisa entre fazer o Add-vice mais dirigido para o compositor e falar de George Gershwin, mas decidi ser mais objectiva. Não vou pôr-me a fazer uma análise da peça porque não só não tenho a certeza de que o faria da melhor forma, como acho que cada pessoa deve descobrir detalhes da música por si, tem muito mais valor e estes detalhes tornam-se muito mais importantes para cada pessoa. Desta forma, o que lhes proponho (até porque o tema já era decerto conhecido dos nossos leitores) é uma nova audição, mais cuidada e atenta. O que ouvem é uma verdadeira obra de arte.
Estava indecisa entre fazer o Add-vice mais dirigido para o compositor e falar de George Gershwin, mas decidi ser mais objectiva. Não vou pôr-me a fazer uma análise da peça porque não só não tenho a certeza de que o faria da melhor forma, como acho que cada pessoa deve descobrir detalhes da música por si, tem muito mais valor e estes detalhes tornam-se muito mais importantes para cada pessoa. Desta forma, o que lhes proponho (até porque o tema já era decerto conhecido dos nossos leitores) é uma nova audição, mais cuidada e atenta. O que ouvem é uma verdadeira obra de arte.
E-mail para: in-deed@hotmail.com
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Neste blog escrevem: Inês Laginha e Margarida Campelo.
www.myspace.com/ineslaginha
www.myspace.com/margaridacampelo
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